Alfabetização e letramento na educação infantil: Inserindo crianças pré-escolares na prática da leitura e escrita.
por: RedatorAutor: MARINHEIRO, Cícero Rubens de Lima.
Resumo
Este artigo explora a importância da alfabetização e do letramento na educação infantil, destacando o papel essencial de práticas pedagógicas que integrem brincadeiras e experiências significativas com a linguagem escrita. Fundamentado em aportes teóricos e legislações educacionais brasileiras, o texto apresenta a necessidade de estratégias que contemplem as realidades sociais das crianças e as insiram em contextos de letramento desde os primeiros anos escolares. Conclui-se que a articulação entre alfabetização e letramento é indispensável para o desenvolvimento integral das crianças na contemporaneidade.
Palavras-chave: alfabetização, letramento, educação infantil, práticas pedagógicas, linguagem.
Introdução
A alfabetização e o letramento são processos que transcendem o aprendizado técnico da leitura e da escrita, pois envolvem a apropriação dos usos sociais dessas práticas no cotidiano das crianças. A educação infantil, como etapa inicial do processo educativo, desempenha papel crucial nesse contexto, já que é nesse período que se consolidam as bases para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) destaca que é fundamental ampliar as possibilidades de comunicação e expressão das crianças, aproximando-as de diferentes práticas de leitura e escrita desde cedo (BRASIL, 1998). Este artigo analisa a importância de práticas pedagógicas integradas que promovam alfabetização e letramento no ambiente pré-escolar, propondo um diálogo entre teorias educacionais e as realidades vividas por crianças brasileiras.
Desenvolvimento
Na educação infantil, alfabetização e letramento não devem ser tratados como processos separados ou sequenciais, mas como práticas integradas e complementares. Alfabetizar significa ensinar as crianças a dominar o código da língua escrita, enquanto letrar implica inserir os sujeitos em práticas sociais significativas de leitura e escrita (SOARES, 2003). Essa visão integrada é essencial, pois mesmo antes de ingressarem na escola, as crianças já têm contato com a linguagem escrita em suas diferentes formas, seja em livros, placas ou meios digitais. Assim, elas chegam ao ambiente escolar com hipóteses iniciais sobre o funcionamento da escrita, conforme demonstrado por Ferreiro e Teberosky (1999). A escola tem o papel de ampliar e sistematizar esse conhecimento, considerando as especificidades do universo infantil.
Um aspecto fundamental para o sucesso do letramento na educação infantil é a mediação pedagógica. Vygotsky (1991) argumenta que o aprendizado ocorre por meio de interações sociais, nas quais o professor atua como mediador entre a criança e o conhecimento. Assim, é essencial que o professor planeje atividades que proporcionem contato com textos variados, como histórias, poemas e músicas, em um contexto lúdico que respeite as características e interesses das crianças. A ludicidade, inclusive, é uma ferramenta poderosa para motivar e engajar as crianças no aprendizado da leitura e da escrita. Jogos de palavras, construção de histórias coletivas e leitura compartilhada são exemplos de estratégias que podem ser utilizadas para promover uma alfabetização significativa.
Outro ponto a ser considerado é a diversidade cultural e socioeconômica do Brasil. Muitas crianças não têm acesso a materiais escritos em seus lares, o que reforça a importância da escola como espaço privilegiado de letramento. Estudos apontam que crianças de contextos mais favorecidos tendem a chegar à escola com maior familiaridade com textos escritos, enquanto aquelas de contextos menos favorecidos dependem mais das práticas escolares para desenvolver essas habilidades (BRASIL, 2018). Portanto, cabe à escola adotar uma abordagem inclusiva, que valorize os saberes prévios das crianças e promova o acesso equitativo às práticas de letramento.
Embora a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tenha avançado ao reconhecer a importância da linguagem na educação infantil, muitos desafios ainda precisam ser superados. Entre eles, destacam-se a formação continuada de professores e a valorização de práticas inovadoras no ambiente escolar. Professores precisam estar preparados para atuar em um cenário educacional em constante transformação, que exige o uso de novas tecnologias e metodologias para atender às demandas do século XXI. Nesse contexto, a formação inicial e continuada deve incluir o estudo de teorias contemporâneas sobre alfabetização e letramento, bem como a reflexão sobre a prática docente.
A articulação entre alfabetização e letramento na educação infantil exige também um compromisso político. É necessário que gestores e formuladores de políticas públicas garantam condições adequadas de trabalho para os professores, além de recursos didáticos que favoreçam a implementação de práticas pedagógicas significativas. Somente assim será possível transformar a escola em um espaço de efetivo letramento, onde todas as crianças tenham a oportunidade de desenvolver seu potencial pleno.
Conclusão
A alfabetização e o letramento na educação infantil são processos indissociáveis e indispensáveis para a formação de sujeitos críticos e autônomos. A inserção de práticas pedagógicas que valorizem a ludicidade e o contato significativo com a linguagem escrita desde cedo é essencial para promover o desenvolvimento integral das crianças. Contudo, para que essas práticas sejam efetivas, é necessário investir na formação docente, na valorização do trabalho do professor e na criação de políticas públicas que assegurem equidade no acesso ao ensino de qualidade. Ao integrar alfabetização e letramento, a escola contribui para a construção de uma sociedade mais inclusiva e letrada.
Referências
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2018.
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.
FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2003.
VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
Revista Mindset
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